A Adobe quer um agente criativo ao seu lado. Mas será que a gente quer isso também?

A nova aposta da Adobe com IA levanta debates sobre controle criativo, produtividade e o futuro das ferramentas que sempre usamos

O agente em ação. Mais mudanças pela frente...reação da Adobe do avanço de concorrentes?

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A Adobe não quer ficar para trás. Com o avanço de inteligências artificiais cada vez mais autônomas e “intuitivas” (como o novo ChatGPT e a onda de modelos multimodais), a empresa está reagindo. E forte.

Nas últimas horas, anunciou uma grande atualização em suas ferramentas do Creative Cloud, trazendo IA com agentes – ou seja, agentes de inteligência artificial que não só entendem comandos, mas agem em seu lugar, editam, criam e tomam decisões dentro de apps como Photoshop, Premiere Pro, Acrobat e Adobe Express.

Em vez de simplesmente oferecer sugestões ou gerar conteúdo com prompts, agora a promessa é de uma IA que realmente faz “o trabalho chato” por você. Basta pedir. Ela entende, executa, e entrega.

📸 No Photoshop, por exemplo, você escreve “limpar o fundo” ou “melhorar o rosto” e pronto: o agente faz.🎬 No Premiere Pro, ele encontra cenas, edita cortes brutos e equilibra o áudio sozinho.📄 No Acrobat, ele analisa PDFs, resume documentos e até prepara propostas.

A proposta é tentadora. Mas também é polêmica.

“Não quero um agente, só quero que parem de subir o preço da assinatura!” - esse foi um dos posts que vi nas redes sociais de um usuário insatisfeito sobre a novidade

Essa foi uma das reações mais comuns nos fóruns de usuários logo após o anúncio.

Muita gente não pediu por agentes. Pediu por estabilidade de preço, menos atualizações obrigatórias, e mais respeito ao modo como usam as ferramentas. E isso diz muito.

A Adobe, ao tentar competir com as IAs emergentes, parece apostar que o usuário médio quer velocidade e praticidade, mesmo que isso signifique ceder o controle criativo.

Mas e o artista? E o profissional da imagem que valoriza cada ajuste manual, cada decisão?Será que vamos delegar tudo para agentes? Ou há um limite entre delegar e se desconectar do próprio processo?

IA como assistente ou como diretor?

A empresa jura que o objetivo não é substituir o humano, mas dar mais espaço para a criatividade. Só que essa linha é tênue. Quando a IA começa a editar por você, sugerir por você, montar por você... ainda é sua criação?

🔍 A Adobe diz que o agente entende você. Mas será que entende mesmo o que você sente ao editar uma imagem? A intenção de um corte? O cuidado por trás de um retrato?

A resposta talvez venha com o tempo. Ou com a forma como escolhemos usar (ou não usar) essas tecnologias.

O descontentamento com IAs tomando o controle na edição, seleção e fluxo de trabalho é algo que envolve o avanço de outras ferramentas. Muitos que testaram disseram não curtir o resultado pelos erros ou por simplesmente não quererem delegar isso. E faz sentido. Por outro lado, para muitos foi e tem sido um ganho considerável de tempo com redução drástica nesta parte.

E você, deixaria um agente fazer tudo por você?

Essa pergunta, mais do que técnica, é filosófica.

Estamos entrando em uma era de "criatividade aumentada", onde as ferramentas fazem mais e pedem menos. O problema é que, às vezes, é justamente no caminho mais difícil que surgem as ideias mais autênticas.

A Adobe vai apresentar oficialmente seus novos agentes no Adobe MAX London, dia 24 de abril. E se eles cumprirem o que prometem, talvez a forma como usamos software criativo mude para sempre.

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Leo saldanha