Natural de Santa Catarina e com mais de 20 anos de mercado, André Arcênio está em nova fase agora atuando em Goiânia. Com foco na fotografia de retratos e já retratando profissionais de referência na cidade. Recentemente ele esteve de volta em Santa Catarina onde teve a oportunidade de fotografar a esquadrilha da fumaça. Com larga experiência no ramo, Arcênio tem na bagagem a experiência de casamentos, formaturas. Mas no fim, sua especialidade segue a mesma, um especialista em retratar pessoas com excelência. Confira a entrevista e o trabalho do profissional.
Leo Saldanha - Conte um pouco sobre você e sua carreira!
André Arcênio - A fotografia entrou por acaso na minha vida, aos 18 anos fiz um curso básico de fotografia sem nenhuma pretensão. Fotografava a família e amigos, até o dia que seguindo os conselhos deles, resolvi trabalhar como fotógrafo. Iniciei em empresas de eventos, formaturas, onde fiquei por dezesseis anos. Depois de fotografar um casamento para uma das empresas, ainda na época do filme de negativo, fiz um trabalho que me abriu portas para ser segundo fotógrafo de um estúdio em casamentos e outros eventos sociais. Foi uma fase que aprendi muito conversando e ouvindo outros colegas fotógrafos. Em pouco tempo abri o meu estúdio em uma cidade pequena da Serra Catarinense, atendia muitos tipos de trabalhos, o único trabalho que recusei nesse período foi fotografar um velório, não era corriqueiro, mas surgiu o pedido. Essa fase do início até o fechamento do estúdio foi de 2004 a 2011.
Quando resolvi ser fotógrafo fixo de uma empresa de eventos e fui para o Oeste de Santa Catarina, lá foram anos intensos, que fotografava tudo que uma turma de formandos pensa em ter registros, mas me aventurava em outros trabalhos, eventualmente, fotografei alguns casamentos e me consegui ser fotógrafo responsável pelas fotos da maior festa da cidade, o desfile das escolas de samba. Proporcionalmente, pelo tamanho da cidade era um evento muito grande, que aprendi muito.
Retornando para Florianópolis depois de quase duas décadas no interior de Santa Catarina e bem distante da família, resgatei os laços de família, não estava brigado, mas a rotina e correria aliado com a distancia geográfica, me deixou ausente por muito tempo. Nessa nova fase que durou sete anos, criei junto com amigos uma empresa de formaturas, sai da sociedade na pandemia, fiz a faculdade de fotografia (tecnólogo), e flertei em outros segmentos, como ensaios femininos, moda e fotojornalismo.
Atualmente estou em Goiânia, espero ficar aqui por muitos anos, e estou iniciando o trabalho com retratos corporativos e eventos empresariais.
Leo Saldanha - Como foi que surgiu essa oportunidade de fotografar a esquadrilha da fumaça?
André Arcênio - No período que fui para o interior de Santa Catarina, servi em um destacamento da Aeronáutica, localizado em Urubici, exatamente no Morro da Igreja, um local lindo no meio do Parque Nacional de São Joaquim, costuma nevar todos os anos. Recebe muitos turistas, então como passaria pela região resolvi falar com amigos que ainda servem lá para poder visitar o destacamento, foi quando surgiu o convite de fazer fotos da passagem da Esquadrilha no destacamento. Em quarenta anos, desde quando a Aeronáutica chegou na região que vai ter a apresentação da Esquadrilha da Fumaça na cidade, com passagem de rasantes no Destacamento. Aceito o convite, comecei a fazer parte de uma equipe, que nem sabia que existia, para poder fazer as melhores fotos dessa manobra. Tinha fotógrafos militares e eu fui um dos dois civis que participava.
Leo Saldanha - Qual o desafio de clicar nestas condições e umas cenas tão rápidas?
André Arcênio - A fotografia de objetos em movimento tem alguns cuidados a serem observados, alguns de controle do fotógrafo, outros sem controle algum, como as condições climáticas. O ideal para essa fotografia é que a iluminação seja constante e suficiente para uma “velocidade” do obturador alta para “congelar” o objeto em movimento. No caso de fotografar a Esquadrilha, outro cuidado importante é saber onde os aviões vão passar, para ficar melhor posicionado. No briefing antes das fotos, a oficial responsável pela equipe de captação de imagens informou que teríamos três pontos fixo em solo, além de outro fotógrafo dentro de um dos aviões. As primeiras passagens ou rasantes, eram para o fotógrafo dentro do avião e depois os fotógrafos fixos, e pudemos pedir manobras para garantir melhores imagens. Como o local era o topo de morro, exatamente a região mais alta do Sul do país, o tempo não ajudou em relação as nuvens baixas, pudemos fazer algumas fotos mais o posicionamento da forma que ficasse melhor para os fotógrafos de solo não foi possível.
Leo Saldanha - Precisa de algum ajuste mais técnico na hora de clicar a esquadrilha?
André Arcênio - Fotografar aviões voando é fotografar um objeto em movimento, nesses casos os principais cuidados são referente à “velocidade”, para o objeto não sair borrado na imagem, também o foco, como o movimento a distancia focam muda em instantes. Sabendo disso configurei a câmera para ter fotos com o objeto estático, sem borrões e focados. Devido as condições de iluminação a minha fotometria foi 1/500 em f 8 e ISO 200, com uma Canon Mark IV, objetiva 24 – 105 mm. Mantive essa configuração fixa para ficar atento aos movimentos e trajetória a fim de garantir as fotos. Atualmente não tenho uma teleobjetiva, por isso meu posicionamento foi próximo dos prédios do destacamento. Para fazer a foto que pensei necessitava que as aeronaves conseguissem fazer uma manobra em determinado ponto, para favorecer meu ângulo, o que não foi possível, pois as condições metereológicas não foram favoráveis. Estávamos a 1822m de altitude, no topo da Serra Geral, e as nuvens baixas não ajudaram muito.
Leo Saldanha - O que mais curte na fotografia hoje?
André Arcênio - Na vida de alguém que tem como profissão a fotografia, existem muitos afazeres, e por incrível que possa parecer, não é estranho eu dizer que curto os momentos que estou fotografando. A possibilidade fazer imagens que tenha significado me alegram muito. Gosto muito de fotografar pessoas, o que me levou a fazer retratos, gosto de conversar, conhecer novas culturas, histórias e ouvir as experiências, a fotografia de pessoas me trás muita satisfação.
Leo Saldanha - Você está focado retratos e eventos corporativos e agora também está em nova cidade. Como vem encarando tantas mudanças?
André Arcênio - Vivenciei muitas mudanças na minha trajetória, as pessoas e situações são novas, mas com a bagagem de experiências e conhecimento adquiridos, me ensinaram que o importante é como encaro o contexto que vivo esse amadurecimento profissional, ajudam muito, por isso estou tranquilo. Desejo fazer uma trajetória sólida e duradoura em Goiânia, não me preocupa com resultados instantâneos, mas se puder contribuir de forma positiva através da minha fotografia, proporcionando boas experiências as pessoas retratadas, estarei realizado.
Leo Saldanha - Que conselhos daria para quem está começando na fotografia?
André Arcênio - Fazer uma boa foto é fácil, mas fazer fotos com significado e que tenham alguma importância, requer humildade antes de tudo. Assim aprendi muito com outros fotógrafos mais experientes as técnicas fotográficas e principalmente como ter a mente livre de julgamentos. Se permita conhecer as experiências de quem já está a mais tempo na estrada que você está começando agora.
Leo Saldanha - Qual é seu sonho?
André Arcênio - Um dia ouvi de uma amiga, que fotografei o casamento, que na casa dela tinha um pouquinho da minha arte nas paredes, isso me tocou muito, o reconhecimento que estou fazendo um trabalho com significado para outras pessoas me alegra muito, então posso dizer que sonho fazer fotografias que possam ter significados e que seja reconhecido por isso.
Minha constância está no fato de viver da fotografia, o segmento que atuo pode mudar por alguns períodos, mas sempre fotografei pessoas. As pessoas são importantes, respeitá-las é básico para um bom convívio, Assim ainda tenho contatos com colegas de trabalho distantes há anos, que abrem portas e me convidam para experiências únicas sou grato por ser assim.
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