Disputa pela Autoria de Imagem Viral Gera Debate sobre Criação por IA. Duas versões de "Todos os Olhos em Rafah" dividem crédito na internet e levantam questões sobre propriedade de conteúdo criado por inteligência artificial
Uma imagem gerada por inteligência artificial e intitulada "Todos os Olhos em Rafa" tornou-se viral, compartilhada cerca de 50 milhões de vezes no Instagram e outras plataformas. Dois artistas malaios, Zila Abka e Amirul Shah, reivindicam a autoria da criação, gerando uma controvérsia sobre a propriedade de conteúdos criados por IA. O assunto foi destacado em profundidade pela NPR.
Em fevereiro, Zila Abka, uma professora de ciências de 39 anos e ativista pró-palestina, utilizou a ferramenta de IA Image Creator da Microsoft para criar uma imagem que destacasse a situação dos refugiados em Rafah, Gaza. Ela compartilhou a imagem no grupo do Facebook Prompters Malaya, dedicado a artistas de IA. Abka afirma que a imagem viral, que ela acredita ser uma versão editada de sua criação original, teve suas marcas d'água removidas e foi modificada para incluir montanhas nevadas.
Por outro lado, Amirul Shah, um estudante universitário de 21 anos e fotógrafo, também afirma ter criado a imagem usando uma ferramenta similar. Ele compartilhou a imagem em sua conta no Instagram, Shahv4012, onde foi amplificada por celebridades como Dua Lipa e Bella Hadid, ajudando-a a alcançar uma audiência global. Shah nega ter copiado a criação de Abka e afirma que seu trabalho foi uma forma de ativismo, não buscando popularidade.
A controvérsia levanta questões sobre a autoria e propriedade de imagens geradas por IA, especialmente porque o Escritório de Direitos Autorais dos EUA não concede proteção para tais criações devido à falta de autoria humana. Tanto Abka quanto Shah defendem que as imagens de IA podem ser eficazes para chamar a atenção para questões sociais, embora a disputa entre eles permaneça sem resolução.
A complexidade de recriar uma imagem idêntica usando IA e as dificuldades técnicas envolvidas indicam que a coincidência é improvável. A polêmica destaca a crescente presença de conteúdos gerados por inteligência artificial e a necessidade de discutir a autenticidade e a propriedade intelectual no ambiente digital.
A era da IA na guerra (com notícias falsas) - O uso da inteligência artificial na guerra entre Israel e Hamas tem exacerbado a desinformação, sendo utilizado por diferentes grupos em ambos os lados para manipular narrativas e influenciar a opinião pública. Ferramentas de IA têm sido empregadas para criar imagens hiper-realistas que distorcem a realidade dos conflitos, confundindo o público e dificultando a distinção entre fatos e ficção. Nos últimos meses, essa prática se infiltrou até mesmo em bancos de imagens renomados, onde fotos geradas por IA sobre o conflito apareceram misturadas com imagens reais, aumentando ainda mais a confusão. Esse uso mal-intencionado da IA não apenas desorienta observadores externos, mas também prejudica a credibilidade de fontes de informação legítimas, minando a confiança nas reportagens e nos registros visuais autênticos do conflito.
Desafio crescente - O avanço da tecnologia e o hiper-realismo proporcionado pela inteligência artificial estão colocando em xeque não apenas a autoria de criações digitais, mas também a própria essência da fotografia e do real. Com imagens geradas por IA alcançando níveis impressionantes de realismo, a linha entre o que é autêntico e o que é fabricado torna-se cada vez mais tênue. Esse fenômeno desafia profundamente o fotojornalismo, uma vez que a credibilidade e a veracidade das imagens jornalísticas são pilares fundamentais da profissão. A capacidade das ferramentas de IA de criar visuais convincentes sem a necessidade de uma cena real está obrigando fotógrafos e editores a repensar suas práticas e a adotar novos métodos de verificação e autenticação, para garantir que o público continue a confiar nas representações visuais dos acontecimentos mundiais.
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